Clarissa Torres |
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Sobre sua “turnê” com a exposição do “Freak Circus”, Clarissa explica que: trata-se do "descobrimento" de uma poética pessoal (assinatura imagética). O tema é o circo, onde habitam pin-ups estilizadas como personagens circenses (contorcionistas, apresentadoras, malabaristas, etc), polvos e sapos. Mas não é o circo lúdico e mágico que somos acostumados a ver, ou até pode ser, mas é o lado B desse espetáculo, o lado freak (esquisito, horroroso, macabro, etc). Esses bichos tem um significado, a estranheza causada por eles aos espectadores não é por acaso, a expressão fria e séria das personagens também não é gratuita. São críticas e provocações. Antes de falar o significado deles, gostaria que o público que fosse prestigiar a exposição tivesse suas próprias conclusões.
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Então Clarissa, tirarei minhas conclusões... Percebi que a bizarrice e a sensualidade andam de mãos dadas em suas telas, a seminudez disfarçada por vários detalhes que tiram a atenção e que estão propícios a milhares de opiniões, no caso, estou expondo apenas uma. Aquelas mulherzinhas com faces mais que expressivas, como a própria autora falou, um tanto “frias”, e cheias de sorrisos irônicos, que junto àquelas vestimentas sem segmento algum de moda, mesmo que circense, eu diria que, uma miscelânea da “Era vitoriana”, “Rococó”, “Pin-ups”, “Circo”, “Cabaret”, “Lolitas”, “Bruxas”, “Bailarinas” entre muitos outros personagens fantasiosos, alguns graciosos e outros horripilantes. Pode-se ver muitos polvos, e alguns sapos, mas mais polvos! Que para mim deram uma conotação de sensualidade maior ainda às personagens, todos aqueles tentáculos às envolvendo, e às vezes seguindo o movimento dos cabelos, sempre muito curvilíneos, parece uma sensação de prazer infinito.
Suas telas além da tinta em si, também são compostas de alguns elementos, montados e colados, como a utilização de molduras de quadros, telinhas com detalhes florais e barras, que lembram muito o estilo vitoriano, e também algumas pichações que remetem ao estilo urbano como a própria artista diz influenciá-la.
Como estou aqui expondo apenas meu lado, irei fazer uma comparação totalmente abstinente de qualquer opinião alheia e até da própria Clarissa, comparações estas que justificam o que foi dito há pouco, comparações do que existe no mundo, que de forma direta ou indireta influencia as pessoas, coisas que são a realidade, por mais que para alguns pareça tão bizarro, para outros é apenas uma forma de expressão, que enquanto a artista os exteriorizou em seus trabalhos, outros os fazem em seu próprio corpo.
As imagens vistas abaixo, são pessoas que assemelham-se por dentro e por fora com alguns detalhes dos trabalhos aqui citados. Na primeira e terceira imagem, é a norte-americana Emilie Autumn (cantora e violinista), que já até fiz uma postagem sobre ela, chamada “Flashback of the XIX century: Emilie Autumn”, e que quis com essa comparação mostrar o quanto há idéias semelhantes entre algumas telas e a cantora. Ambas têm, além de serem parecidas exteriormente, conotações de “mulheres vitorianas”, um tipo de roupa de baixo da época, detalhes nos lacinhos e cabelo (aconselho clicar na imagem para ampliá-la), movimentos circenses, exagero na expressão facial e corporal, sensualidade e um certo sarcasmo. A segunda imagem, trata-se de Sachi (violinista e pianista) e a Yuka (cantora soprano, acordeonista e pianista), que formam um grupo japonês chamado Kokusyoku Sumire, a relação que achei foi basicamente a aparência, e também porque as duas japas tem um certo gosto circense e um pouco do estilo rococó em alguns momentos. Por isso falo nessa mistura de estilos e elementos, que tanto as telas quanto as musicista mostradas unem uma variedade de influências e criam seu estilo que na verdade não é nenhum fixo, assim como penso das personagens pintadas, têm um estilo próprio apesar de que para alguns pode parecer "convencional".
Concepção de Clarissa sobre sua arte
O estilo é um mix de grafite (arte urbana) com história em quadrinhos. Sempre quis deixar aparente a marca do desenho (que amo) nas pinturas e fazer “pinturas desenhadas” (rs), sem camuflar com a tinta o risco, sem esconder essa marca que deixa a figura aparecer na tela. Observando a tela, talvez dê para ver bem os traços pretos e a marca do desenho em todas as obras.
Ateliê - Av. Praia de Pirangi, 2262 Ponta Negra |
Nossa que incrível! Precisamos respirar mais arte nesse país tão sedento por conhecimento. =)
ResponderExcluirEu tive a oportunidade de conhecer um pouco do trabalho de Clarissa quando a exposição esteve na UFRN. É realmente um trabalho muito bonito!
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